21 Jun - 23 Jul 2011
Sofia Borges
As fotografias que integram a série nos trazem imagens construídas através de uma lógica horizontal, com um movimento contíguo àquele que seus “objetos” – as paisagens – promovem em nosso corpo e olhar: um arrebatamento na direção do horizonte.
Esses estudos são recortes fotográficos de dioramas do Museu Americano de História Natural (Nova York). A aparente limpidez dos recortes fotográficos criados por Sofia Borges instaura sua própria nebulosidade. O que a princípio seria a “fotografia de uma antiga pintura de paisagem” ganha corpo e, na vibração da textura de sua superfície-pele, presentifica uma existência descolada.
Em algumas dessas séries a artista construiu suas fotografias como se fizesse pintura ou literatura. Numa mesma imagem, conjugava atmosferas (narrativa e esteticamente) heterogêneas e que, numa captura fotográfica comum, tenderiam a homogeneizar-se sob um mesmo regime de luz e enquadramento. Em especial, algumas dessas fotografias – em que surgem duplos de um mesmo corpo ocupando simultânea e autonomamente uma dada situação – ficcionalizam um movimento que, por sua vez, suscita uma ideia ambígua de tempo (fazendo instantes distintos conviver na “instantaneidade” da situação apresentada nas fotografias).
Ao adesivar “passado” e “presente” numa imagem-tempo que, portanto, desbanca essas classificações, Sofia Borges estuda a paisagem de forma horizontal, posicionando lado a lado aspectos que habitualmente são percebidos de forma vertical, estratificada, e hierarquizada.