18 Abr - 11 Mai 2013
Hildebrando de Castro expos trabalhos recentes que jogam luz – e sombra – na fronteira entre pintura e objeto, figuração e abstração. O artista pinta janelas com um elemento icônico do modernismo brasileiro, o brise-soleil: lâminas, móveis ou não, que quebram o sol, mas deixam entrar o ar, impedindo o calor excessivo no interior do edifício. Esta adaptação da arquitetura moderna aos trópicos, usada por Le Corbusier pela primeira vez no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, é utilizada pelo artista não como funcionalidade, mas como imagem. O brise-soleil cria na fachada um jogo geométrico e cromático de formas que se multiplicam e modulam sutilmente.
Envolvido por esse sedutor jogo ótico, o observador vai percebendo que está diante de uma série de sinais trocados. As pinturas simulam ser abstratas, mas são figurativas: Hildebrando reproduz minuciosamente fachadas reais, enquadradas de modo a parecer abstrações geométricas. Operação similar: corremos os olhos pelas frestas do brise-soleil pintado, ao mesmo tempo impedidos e impelidos a ver dentro dele, de repente notamos que são lâminas tridimensionais. O artista leva suas janelas mais longe que as uvas de Zeuxis. É como se a imagem tivesse passado por uma impressora 3D. Mas se olharmos as lâminas concretas na caixa de MDF e tentarmos devassá-las, encontraremos apenas a fachada, a superfície entreaberta por onde a luz entra na sombra. As técnicas do tromp l’oeil são usadas para obter o seu avesso: a escura da invisibilidade.
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